Muitos não conhecem essa senhora argentina simpática,
chamada Alicia Castilla, outros ficaram a conhecendo após a prisão da escritora
e ativista na costa leste do Uruguai, quando foram encontrados em sua casa 29
plantas de Cannabis para o seu consumo. Castilla passou 95 dias detida por
produzir matéria-prima para fabricar substância ilícita, causando uma
verdadeira comoção entre os uruguaios.
Ela já publicou livros sobre a maconha na Argentina, no
Uruguai e no Brasil, onde viveu por quase 30 anos e agora, como militante, vai
nos ajudar semanalmente com suas colunas no Maconha da Lata. Nesta terça, em
sua estreia, a “senhora Cannabis” como é conhecida, estreia o espaço "Maconha e Culinária" falando sobre a ingestão do
THC para usuários de Maconha.
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Por Alícia Castilla
A Cannabis é fumada, vaporizada, ingerida e bebida, como substância recreativa e também como medicamento. Nunca é demais lembrar a velha máxima hipocrática: “toda substancia é veneno; a diferença está na dose”.
Quando fumamos o THC passa ao sangue através dos pulmões ele
chega ao cérebro em questão de segundos.
Porém, em muitas das vezes, seus pacientes medicinais
encontram um grave empecilho na hora de indica-la como medicamento: fumar
irrita as mucosas e não faz bem a saúde. Por tanto, um caminho bastante
interessante seria ingeri-la.
Na ingesta o caminho do THC para chegar ao cérebro é bem
mais lento: a Cannabis deve passar pelo processo da digestão e só quando chega
ao fígado entra em contato com o sangue para iniciar o caminho até ao nosso cérebro,
o que pode demorar às vezes, até algumas horas.
Aqui encontramos outro “porém”: o nosso corpo não consegue
absorver o THC pela via digestiva a menos que se encontre dentro de uma molécula
de gordura. É por isto que as receitas da culinária canábica sempre começam com
a manteiga canábica ou com o azeite.
Como o assunto é saúde, sabemos que a manteiga tem contraindicações
e enquanto ao azeite só serve para preparar alimentos salgados.
Foi dentro destas disjuntivas que procuramos uma gordura saudável
que fosse um bom veiculo para a chegada da Cannabis ao cérebro pela via
digestiva e assim encontramos o leite de coco que ainda por cima resulta em um
excelente alimento e serve tanto para pratos salgados quanto para sobremesas.
Esta gordura vegetal pode ser comprada em garrafas e uma vez
transformada em "leite mariano", proporciona uma enorme variedade de
doces ou salgados, dando asas para criações culinárias, cujas receitas
estaremos publicando na esperança de contribuir para o deleite de todos aqueles
que gostam desta planta.
Leite Mariano
Ingredientes
½ litro de leite de coco
30 gramas de maconha ou seu equivalente em haxixe (*)
Aqueça o leite de coco em banho-maria, mexendo continuamente
para evitar a ebulição. Adicione a Cannabis. Mantenha o banho-maria mexendo
constantemente durante 10 minutos.
(*) A dose é muito importante já que pela via digestiva
absorve-se quase quatro vezes mais que quando fumada. Também depende da
qualidade da maconha o do haxixe empregado.
Esta preparação pode ser armazenada por semanas na
geladeira. Quando usada para a preparação de pratos doces pode adicionar cravo
e canela
Para dosagem, utilizando os mesmos critérios para a
manteiga. Aqui está a primeira amostra:
Néctar Amrita
Ingredientes:
6 ovos
½ litro de leite Mariano
400g de açúcar
1 ½ xícara de água
Com água e açúcar preparamos de um xarope espesso.
Separadamente, batemos os ovos e o leite Mariano
Levamos o xarope ao fogo, mexendo até que comece a ferver
novamente.
Acrescentamos os ovos e o leite Mariano mexendo lentamente
em fogo muito baixo até engrossar.
Fonte: Maconha da Lata.